Não é um texto diretamente relacionado ao Design, mas também não está desvinculado. Segue como desabafo.

Vivemos em uma sociedade lotada de preconceitos. Preconceito contra negros; preconceito contra homossexuais e transgêneros; preconceito contra a mulher; preconceito contra idosos; preconceito contra religiosos; preconceito contra ateus; preconceito contra nordestinos; preconceito contra nortistas; preconceito contra paulistas; preconceito contra cariocas; preconceito contra baianos; preconceito contra pessoas com necessidades especiais ou com deficiências, sejam físicas ou intelectuais; preconceito contra pobres, preconceito contra ricos; preconceito contra doentes psicológicos; preconceito contra gordos; preconceito contra magros; preconceito contra políticos; preconceito contra trabalhadores braçais. É impressionante a diversidade de preconceitos em nosso país! Há muitos outros, mas a lista seria demasiado extensa. Falo do Brasil, pois vivo aqui e acredito que precisamos nos concentrar em melhorar este problema a partir daqui, pois se não consertamos nem nossa casa (a nós mesmos antes de nossa casa, vale lembrar), não consertaremos lugar algum.

Sobre alguns, custei a acreditar que ainda sejam tão recorrentes (até presenciar), como o preconceito contra negros, afinal como é possível que em um país miscigenado exista tanto preconceito contra negros? Porém, o Brasil é o país da diversidade; é o país dos contrastes. Transmite a imagem de liberalidade sexual, mas contrariamente permanece sob gigantesco preconceito de sexo e de gênero. É um dos países mais miscigenados do mundo (se não for o mais), mas apresenta, ainda que escondido atrás das cortinas da polidez social, um imenso preconceito contra negros, asiáticos, índios, indianos, entre outros. Devido à própria miscigenação, possui uma diversidade cultural e religiosa riquíssima, acompanhada de uma diversidade de preconceitos religiosos e ateístas bárbaros! Transferimos a culpa das mazelas de nosso país aos políticos, mas parece que esquecemos que estes são parte de nossa sociedade e fomos nós mesmos que os colocamos no poder para nos representar e, na evidência de que estão indo contra os motivos pelos quais os 'escolhemos', optamos por reclamar nas redes sociais, nas mesas de boteco, mas não temos coragem (me refiro ao ânimo de tomar uma atitude) para sairmos às ruas e nos manifestarmos contrários (salvo alguns poucos). 
O preconceito contra trabalhadores é algo que também não entendo, como ocorre com os coletores de 'lixo'. Nós produzimos uma quantidade incrível de 'lixo', do qual temos aversão, não sabemos o que fazer com ele, jogamos na rua de qualquer jeito (acondicionar em sacolinhas plásticas não biodegradáveis não é uma solução plausível), muitas vezes com materiais perfuro-cortantes, restos podres de animais, dejetos humanos, misturados a materiais recicláveis, sem ao menos termos a preocupação que outro ser humano irá manuseá-lo (o meio ambiente, nessa história, nem está sendo considerado!), podendo se cortar, se contaminar, e ainda alguns se sentem no direito de ofender as pessoas que cuidam de NOSSO LIXO, e outros deixam claro o NOJO que sentem destes seres humanos que ganham salários baixíssimos para uma atividade a qual não gostamos nem de pensar a respeito, mas sem a qual nossas vidas seriam incrivelmente piores em termos sanitários!
São tantas as incoerências observadas e vivenciadas em nosso país, que seria possível escrever um livro. Então, nossas crianças crescem aprendendo todos estes preconceitos e eis que alguns de nós perguntamos: "por que será que existe bullying desde a tenra idade, será que alguém consegue explicar?". Acredito que não seja necessário.

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